Pro Coletivo
11 de jul de 20192 min
Caminhar nas calçadas de São Paulo e de outras metrópoles do país é praticamente uma aventura: há
calçadas tão estreitas – em geral, porque os empreendimentos imobiliários usurparam o
espaço que era destinado à passagem pública – que as pessoas precisam passar em fila, uma a
uma, sob o risco de serem atropeladas. Em algumas é necessário ir à rua para se locomover.
Assegurar o direito das pessoas de caminhar com liberdade e segurança é um valor importante
de cidadania. Em vários países, esta é uma preocupação constante, pois envolve a saúde
(quem caminha evita doenças), a sustentabilidade (o transporte a pé não polui), a economia
financeira e o bem-estar mental e emocional (estudos mostram que a ansiedade e o estresse
diminuem com caminhadas constantes).
No Brasil, de acordo com estudo da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP),
publicado em 2016, andar a pé é o meio de deslocamento mais usado. Segundo o documento,
36,5% das viagens diárias no país são feitas exclusivamente dessa forma e 28,3% por
transporte coletivo.
Mesmo assim, não há incentivo, investimento e políticas públicas de mobilidade dos pedestres
nas cidades. Quem mais se mexe são as ONGs e os grupos de mobilidade a pé, que têm se
unido para focar nessa questão tão importante. Um deles, o SampaPé, responsável pela
abertura da Avenida Paulista aos domingos, costuma promover passeios e caminhadas para
despertar a curiosidade dos cidadãos pelo hábito de andar a pé, e realiza ações para colocar
em pauta o tema, garantindo a prioridade de caminhar nas cidades.
Calçada em Salvador - foto de Marcos de Sousa - Mobilize Brasil
Há ainda muito o que fazer, mas é importante que a sociedade se una para exigir a
implantação de calçadas corretas, travessias sinalizadas e tempo suficiente e razoável nos
semáforos. Eles são fundamentais para a segurança, a liberdade de ir e vir, o bem-estar e a
saúde da população. São símbolo de cidadania e respeito. Afinal, em algum momento do dia
todos somos pedestres.