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  • Giuliana Pompeu

Pule carnaval e ocupe as ruas da cidade

Não fazem muitos anos que as ruas da cidade de São Paulo voltaram a se ver abarrotadas de foliões; de pessoas felizes e cheias de glitter sendo derramado no antes triste asfalto. As vias calejadas pelo peso dos carros têm nessa época de carnaval a leveza do passo das pessoas, que ao som das marchinhas carnavalescas vão ano a ano resignificando a maior metrópole da América Latina.

Jonas Teixeira de Vaconcelos_facebook

São Paulo passou a ser ponto turístico também nessa época, e é um dos únicos carnavais do país que ainda pode ser curtido de graça, democraticamente por todas as classes sociais; sem abadás ou segurança privada fazendo as conhecidas correntes de isolamento. A segurança fica a cargo da própria prefeitura e da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que ainda se adaptam para gerenciar todo esse povo que de todos os cantos da cidade vem curtir o impressionante número de mais de 600 bloquinhos organizados para essa temporada de 2017.

Nesse final de semana, quando já rolava o pré-carnaval, o Prefeito Doria precisou admitir que a prefeitura não calculou bem o número de pessoas que estariam na rua, e as regras anunciadas às vésperas da festa de nada serviram, além de virar piada nos alto-falantes dos carros de som. Doria queria que cada bloquinho só tivesse no máximo 20 mil pessoas; o Bloco da Baixa Augusta ultrapassou os 80 mil. O toque de recolher era para ser às 20h, mas a festa seguiu noite adentro e faltou cidadania na hora de deixar a rua. Os pneus dos modais ativos sofreram com os cacos verdes e marrons da manhã dessa segunda-feira (20).

Mas, apesar dos necessários ajustes da educação de cada um e principalmente da organização do poder público, ver a rua assim tão cheia de vida traz à tona a realidade de que já não dá mais para pensar nas ruas da cidade como um lugar exclusivo dos automóveis. A cultura de transformar o preto do asfalto em verde de parque está se arraigando no imaginário do paulistano, e na falta de mais espaços abertos para curtir os finais de semana, a Avenida Paulista, o Minhocão, e diversas outras ruas são ocupadas mais e mais a cada folguinha que os trabalhadores conquistam.

O poder público precisa acompanhar essa ocupação, e não proibi-la. É necessário enxergar os cidadãos como eles são, organismos vivos que realizam suas ações a partir dos moldes de sua própria consciência. Da conscientização, pois bem. Por mais cervejas e catuabas que você tenha ingerido, entenda que a rua não passou a ser lixo. O não sempre será não, a embriaguez não é desculpa para abusos. Deixo meu apelo a prefeitura para que realize campanhas para orientar melhor os foliões, e que se esmere em estruturas bacanas para que a cidade de um dia para o outro não deixe de ser festa, para ser lamentações.

Pule o carnaval, mas pule também a falta de educação. Ocupe a cidade, ela é nossa!

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