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  • Giuliana Pompeu

Entenda a relação das altas velocidades com os acidentes de trânsito

Na contramão das recomendações mundiais em prol da preservação da vida no trânsito, a Prefeitura de São Paulo aumentou as velocidades máximas das Marginais Pinheiros e Tietê no dia 25 de janeiro, como um “presente” de aniversário aos paulistanos.

As velocidades nas duas vias expressas da capital paulista passaram a ser de 70km/h para 90km/h nas pistas expressas, 60km/h para 70km/h nas centrais e 50km/h para 60km/h nas faixas locais – a exceção é a faixa da direita mais próxima à calçada, mantida em 50km/h.

Nessa semana, a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo divulgou novos números referentes aos acidentes e mortes nas duas marginais. Como esperado por diversas associações em prol da mobilidade, houve um aumento de mais de 73% na média mensal de acidentes ocorridos nas Marginais Pinheiros e Tietê.

Frente a uma média de 64 acidentes por mês em 2016, contando as duas marginais e cruzando os dados da CET com os Boletins de Ocorrência e laudos do IML, o primeiro mês do Programa Marginal Segura registrou 106 acidentes, com um motociclista morto e quatro pessoas atropeladas. No segundo mês de levantamento, esse número cresceu para 117 acidentes com vítimas, duas mortes de motociclistas e outros quatro atropelamentos.

Esses são apenas os dados registrados diretamente pelos agentes da CET. A Polícia Militar fala em seis mortes desde o aumento das velocidades. A CET ainda declara uma terceira morte ocorrida em 30 de março, fora do período de coleta de dados (24/fev. – 26/mar.).

As outras duas mortes declaradas pela PM teriam ocorrido na alça de acesso da Ponte João Dias e a outra na Avenida Guido Caloi, locais que, segundo a CET, não fazem parte das marginais.

Por que a velocidade importa

Uma série de critérios ligados ao tipo da via determinam quais devem ser os limites de velocidade, bem como a categoria dos veículos que circulam por ela e o tráfego no entorno. Em seu projeto inicial, as marginais tinham a pretensão de ser rodovias urbanas, mas com o desenvolvimento da cidade e a construção de grandes estruturas comerciais em seus entornos, o fluxo de carros e pedestres se deslocando entre comércios e transportes públicos, limitaram as Marginais Pinheiros e Tietê a vias expressas.

Ainda que com o objetivo de desafogar o trânsito das ruas da cidade, os limites nessas vias devem considerar muitos fatores, inclusive o tempo de frenagem dos carros, tendo em vista o acúmulo de veículos. “A distância de frenagem é a mínima distância que um veículo percorre para conseguir parar completamente antes de atingir um obstáculo. Mas a frenagem de um veículo depende do tempo de percepção do condutor, que é o intervalo entre avistar o obstáculo e tomar a decisão de frear (esse tempo pode variar entre 0,7 e 1,0 segundo), aliado ao tempo de reação do condutor, que é a diferença entre o instante em que o motorista decide frear e o instante em que ele realmente aciona o sistema de freios do veículo. Estudos indicam que esse tempo varia de 0,5 a 1,0 segundo”, explica um especialista da plataforma Trânsito Ideal.

Na figura abaixo, você confere a média de metros de frenagem conforme a velocidade, lembrando que condições climáticas também influenciam essa distância.

Nessa outra figura, você observa a probabilidade de lesões e óbitos de pedestres quando atropelados em determinadas velocidades.

Quem está morrendo mais nesses acidentes

Além dos oito casos de atropelamento de pedestres nos dois meses de averiguação, os motociclistas se apresentam como os mais frágeis: estão envolvidos em 82% dos acidentes no primeiro mês de levantamento e 79% no segundo. O Pro Coletivo conversou com o motociclista Daniel Costa, que usa a moto como meio de transporte em São Paulo, para saber sua opinião sobre esse cenário.

Para Daniel, a grande questão na condução dos motociclistas é o excesso de confiança. “Olha, eu ando no limite, que é de 90 km/h. Mas, se você for pensar, 90 km/h em um corredor estreito, qualquer retrovisor atingido você vai longe”, diz o motociclista.

Quanto ao processo de habilitação para motos e carros, Daniel define como um exame rigoroso, mas que não reflete a realidade. “Quando qualquer pessoa está fazendo o curso de CFC ela é toda cuidadosa; senta, coloca o cinto, arruma os retrovisores e só então liga o veículo e sai. Depois de um mês habilitado, o motorista sai que não repara em mais nada. Tudo isso devido a um excesso de confiança”, argumenta.

A CET não quis comentar sobre a postura dos motociclistas e motoristas, mas disse em nota que um dos focos do Programa Marginal Segura é a conscientização dos condutores para a educação no trânsito.

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