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"São Paulo está mais preparada para atender às necessidades de locomoção"


Regina Asonuma, de 25 anos, nascida na cidade de Limeira, é arquiteta e urbanista formada pela PUC-Campinas e pós-graduanda na USP em Planejamento e Gestão de Cidades. Mora na capial paulista desde fevereiro de 2017.

Nesta entrevista, ela conta por que optou por deixar mais o carro na garagem e descobrir o transporte coletivo em São Paulo. "A impressão que eu tinha de São Paulo era de caos, muitos carros na rua, congestionamento, sensação de insegurança e tinha até medo de dirigir na cidade. A atual impressão não mudou muito em relação aos carros e congestionamentos, porém percebi que é possível viver sem depender do carro na cidade e utilizar os transportes coletivos que são mais rápidos e menos estressantes, uber, taxis e a mobilidade a pé para curtas distâncias", ela afirma.

Arquiteta e urbanista interessada em, como ela mesma diz, "compreender o funcionamento das cidades e sua forma de relacionamento com as pessoas", Regina é a nova colaboradora do Pro Coletivo, que procurará trazer para esta plataforma este olhar coletivo e democrático das cidades, que devem ser, cada vez mais, voltadas para o bem-estar e o crescimento das pessoas.

A seguir, confira a entrevista com Regina Asonuma:

1. Quando você veio morar em SP e por que decidiu vir de carro?

Me mudei para SP no início do mês de fevereiro. Decidi vir de carro porque estava habituada a realizar todas as atividades com o transporte individual nas cidades que morei anteriormente, Limeira e Campinas.

2. Qual era a impressão que tinha da cidade (antes de morar aqui) e qual é a atual (em relação à mobilidade)?

A impressão que eu tinha de São Paulo era de caos, muitos carros na rua, congestionamento e sensação de insegurança. Eu tinha até medo de dirigir na cidade. A atual impressão não mudou muito em relação aos carros e congestionamentos, porém percebi que é possível viver sem depender do carro na cidade, utilizando os transportes coletivos que são mais rápidos e menos estressantes, além de uber, táxis e a mobilidade a pé para curtas distâncias.

3. Em relação às cidades que vc morou, Limeira e Campinas, quais são as maiores diferenças, no que tange ao quesito mobilidade?

Limeira e Campinas são cidades que oferecem apenas o ônibus como opção ao transporte público, que costuma ser precário e com falta de infraestrutura adequada para incentivar o uso. As ruas, em sua maioria, são pouco atrativas para o pedestre, não têm fachadas ativas que dão sensação de segurança e prazer ao caminhar e percebo também a falta de calçadas largas e confortáveis. As duas cidades oferecem facilidade com o transporte individual, têm acesso rápido e fácil às vias, às vagas de estacionamento e agilidade nos deslocamentos. Com todos os benefícios e facilidades que o transporte individual oferece, há poucos incentivos para uso de transportes alternativos, mesmo que o destino esteja muito próximo da sua casa.

4. Quais foram suas maiores dificuldades em SP ao dirigir?

Tive dificuldades de encontrar vagas de estacionamento, muitas vezes tendo que optar por estacionamentos privados e a incerteza de chegar ao compromisso no horário estipulado, mesmo o destino sendo próximo.

5. Quais foram e são as suas maiores dificuldades como pedestre e usuária do transporte coletivo?

No transporte coletivo vejo como dificuldade a lotação dos metrôs e trens em horários de pico. Como pedestre, há problemas corriqueiros como lixos nas ruas, pouco tempo para travessia dos pedestres e longa espera para fechar o sinal dos carros. Em algumas ruas, há o problema de bares e estabelecimentos privados ocuparem as calçadas para benefício próprio, dificultando a passagem do pedestre na via pública.

6. Como, quando e por que começou a dar carona?

Comecei a oferecer caronas logo no início da mudança para SP, quando um amigo me incluiu no grupo do Facebook de Caronas Limeira-SP. Nesse grupo, vi muitas pessoas oferecendo e procurando carona nos mesmos dias e horários em que eu costumava fazer as viagens entre as duas cidades. Decidi pegar carona pela primeira vez e percebi que é um meio de mobilidade alternativa mais confortável que o ônibus e economicamente mais vantajoso para todas as partes, os que oferecem e os que procuram. Além de conhecer e interagir com outras pessoas que vieram da mesma cidade e estão morando em SP por diversos motivos, senti que fazer as viagens sozinha, como costumava fazer, era desperdício de recursos e egoísmo de minha parte.

7. Quantas pessoas já transportou em caronas desde que está aqui? Como vc estipula o valor da corrida?

Acredito que por volta de 20 a 30 pessoas. O valor é estipulado pelos gastos gerados com pedágio e gasolina divididos com outros passageiros, o que acaba sendo metade do valor do ônibus. É vantajoso para quem pega carona e auxilia nos gastos para quem oferece a carona.

8. Você comentou que as pessoas de fora, ao contrário de muitos paulistanos, acham que é melhor viver em SP sem carro. A que vc atribui essa impressão? Vc acha que os paulistanos são muito conservadores com a mobilidade alternativa e coletiva?

Nesse pouco tempo morando em SP, percebo que muitas pessoas reclamam da mobilidade alternativa e coletiva de SP. Concordo que tem muito a melhorar ainda, mas vejo que grande parte da cidade está conectada por algum tipo de transporte alternativo e coletivo que é muitas vezes mais eficiente que o transporte individual. Por vir de uma cidade do interior que possui um sistema de mobilidade muito mais precária, percebo que São Paulo está mais preparada para atender às necessidades de locomoção. Acredito que os paulistanos estão acostumados com o conforto e flexibilidade do carro como a melhor alternativa de mobilidade, porém não colocam na balança os prós e contras dessa escolha, muitas vezes não se dando conta de que estão gerando ruas intransitáveis e prejudicando sua própria saúde.

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