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  • Chantal Brissac

Compartilhar, eis a questão!


O automóvel, um veículo que tem quase 250 anos de história (foi por volta de 1769 que surgiu o primeiro, com motor a vapor) vem se transformando nesse século 21 não apenas em sua forma e tecnologia, mas também em seu conceito principal, de função e objetivo. O carro pessoal, artigo de posse tão cobiçado por sociedades como a norte-americana e, consequentemente, a brasileira, que herdou esta cultura, está com os dias contados.

Segundo Ricardo Abramovay, professor titular do Departamento de Economia da FEA e autor de "Muito Além da Economia Verde" (Ed. Planeta Sustentável, SP, 2012), o setor automobilístico global está passando por transformações para as quais o Brasil está de costas. "A partir de 2025 a Noruega vai proibir em seu território a venda de carros movidos a gasolina ou a diesel. A matriz do transporte individual vai apoiar-se em veículos elétricos que, junto com os híbridos (elétricos + fósseis), já correspondem a 28% da venda de veículos novos no país, segundo informação da EurActiv.com", escreve Abramovay em artigo no jornal Valor.

O economista acredita que uma forma importante de reduzir os efeitos destrutivos que os carros causam nas cidades (como acidentes, poluição, estresse, doenças, perda de tempo e energia, entre outros fatores) é não apenas eletrificar a mobilidade urbana, mas também ressignificá-la, tirando a importância da posse do carro individual. "Preocupa, portanto, que no Brasil tanto o governo como a iniciativa privada continuem apostando no aumento da frota individual de carros com motor a combustão interna como o principal caminho a ser trilhado por uma indústria automobilística que já sonhou em ter alguma relevância global", afirma o economista Ricardo Abramovay.

Assim, não precisamos esperar para ver nos próximos anos cada vez mais carros elétricos, mais serviços de car sharing - já bastante comuns nos Estados Unidos e em países da Europa - e menos pessoas interessadas em ter seu carro pessoal. Vamos compartilhar esse modal já, oferecendo e pegando carona, e também usando o veículo com mais parcimônia. Por mais que a gente esteja viciado nele, é interessante experimentar outras formas de locomoção, que trazem serotonina, bem-estar, saúde, sustentabilidade e cidadania: o transporte a pé, a bicicleta e o o uso do transporte coletivo são formas bem mais inteligentes de se mover nas grandes cidades.

Esta mudança é urgente e necessária. Segundo a Organização Mundial da Indústria de Automóveis, hoje circulam pelo mundo todo cerca de um bilhão de automóveis. Vários países hoje contam com programas e planejamentos de mobilidade que estimulam o transporte ativo e restringem cada vez mais o uso do carro individual.

Até 2030, pesquisadores acreditam que o automóvel não precisará mais de motoristas. Aliás, já é uma realidade o carro com sistema de navegação autônomo.

Estamos em um caminho novo e inspirador, em busca de saúde, convivência com as pessoas, valorização da coletividade e da empatia - do olhar para o outro. Nesse novo modelo que se vislumbra, a individualidade dará lugar à solidariedade e ao compartilhamento. E a tecnologia estará a serviço das pessoas, para que elas tenham mais tempo e mais energia para usufruir arte, cultura, educação, amizades, relacionamentos nas cidades.

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