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  • Pro Coletivo

"A bike é acessível, eficiente, saudável e garante o sorriso no rosto"


Ele é Gente Pro Coletivo: Bruno Uehara, arquiteto, urbanista, professor e mecânico de bicicletas trabalha por um mundo mais sustentável, saudável e gentil.

Bruno é especialista em bicicletas e autor de livros e manuais para quem quer entender melhor sua magrela.

O primeiro é o Anatomia da Bicicleta (download gratuito pelo endereço: https://uehara.cc/anatomia-da-bicicleta-download/)

E recentemente ele lançou O Manual da Mountain Bike (https://reviewdebikes.com.br/combo-mountain-bike-2020/), um manual com mais de 80 páginas que ensina tudo para entender o MTB, desde a história, modalidades, anatomia, tecnologias e até como escolher sua próxima MTB.

Em uma pausa no seu trabalho em casa, por causa do coronavírus, Bruno Uehara conversou com o Pro Coletivo. Confira a entrevista na íntegra:

Como você está passando a quarentena e o que acha que ela pode nos ensinar?

Tenho muita sorte de poder trabalhar remotamente com as consultorias e com meus produtos digitais, pois as aulas presenciais de mecânica foram canceladas. É uma fase dolorosa para os microempreendedores, pois se já não era fácil, agora tornou-se ainda mais complicado. São justamente esses, os pequenos negócios, que devemos apoiar, pois os grandes sobreviverão.

A quarentena mudou, para sempre, a forma de trabalhar. Faz sentido deslocar-se para o escritório quando tudo que se faz é responder e-mails e entrar em reuniões?

Acho que não. Tanto empresas quanto funcionários estão percebendo isso.

Há males que vem para o bem. Os grandes centros urbanos, como São Paulo, já viram uma redução drástica na poluição e não é somente a do ar: o silêncio e o horizonte agora podem ser vistos e percebidos. Antes, com os carros realizando trajetos pendulares, era impossível.

O uso da bicicleta é recomendado na quarentena, seja para lazer ou meio de transporte?

Quem não puder trabalhar de casa, é recomendável que utilize a bicicleta como meio de transporte. O transporte de massa é importantíssimo para o desenvolvimento e a mobilidade de qualquer centro urbano, mas a bicicleta tem se mostrando inquestionavelmente a melhor solução para a mobilidade urbana e para evitar aglomerações, no mundo inteiro.

Inclusive, nesta terça-feira, graças à Aliança Bike, o Governo do Estado de SP enquadrou o serviço de oficinas e bicicletarias como essenciais para a população, para quem utiliza a bicicleta como meio de transporte.

A contaminação também acontece via aérea, por isso estou evitando utilizá-la para o lazer e a prática esportiva; apenas para deslocamentos necessários.

O pânico e a paranoia são mais perigosos que o vírus, mas não quero dar sorte para o azar.

Uma boa alternativa para quem não consegue ficar sem pedalar são os rolos de treino, tenho acompanhado pelas redes sociais e nunca vi tantos ciclistas online (risos).

Bruno em sua atividade preferida

Aproveitando que temos tempo livre nessa quarentena para refletir, vc sugere algo para quando voltarmos ao quadro padrão de locomoção? Como podemos melhorar a nossa mobilidade?

Foi liberado o rodízio, mas e aí? Isso beneficia apenas 30% da população, que queima combustível para deslocar uma pessoa dentro de uma tonelada de aço por apenas 3,5km, que é a média do trajeto feito por 60% dos carros. 70% da população usa o transporte público ou vai a pé.

As ruas estão vazias e acredito que ninguém está sentindo falta das buzinas, da fumaça, do calor dos motores e dos congestionamentos (sem falar da violência verbal).

Quem pedala somente por lazer, aos finais de semana, quando olha para as ruas sem carros, pensa: "a rua deve estar ótima para pedalar".

Esta é a lição: potenciais ciclistas escolhem o carro ou o saturado sistema de transporte público e deixam de pedalar nas cidades por falta de infraestrutura cicloviária. Enquanto não tivermos incentivo ao uso da bicicleta (como tem feito Bogotá, com plano de expansão cicloviária em plena pandemia) não teremos um aumento considerável no número de ciclistas, a exemplo do que ocorreu na última gestão da Prefeitura de São Paulo.

Mais ciclovias significam mais ciclistas, menos morte no trânsito, mais qualidade do ar, mais saúde e redução do estresse. Cidades desenvolvidas são caracterizadas por terem muitos ciclistas, porque costumam ter infraestrutura, leis que protegem e incentivo ao uso.

Algumas pessoas acreditam que o futuro será maravilhoso quando tivermos drones e veículos voadores urbanos, mas não precisamos de nada disso. A bicicleta já está aí, não é necessária nenhuma invenção mirabolante. Ela é acessível, eficiente, saudável e garante o sorriso no rosto.

Na onda da pergunta número 3, você tem sugestões de livros, filmes etc. sobre mobilidade ou outros assuntos para esta quarentena?

Além dos meus ebooks? (risos)

Sim, tenho algumas recomendações ótimas: "O Leão da Toscana", que conta a emocionante história de Gino Bartali.

E o extraordinário documentário "Um Domingo no Inferno", de 1977, sobre a Paris-Roubaix.

Bom, estes são sobre ciclismo de estrada especificamente, mas inspiradores.

Sobre mobilidade, tem o documentário "Bikes vs Cars", o excelente livro "Bikenomics" e o livro "BikeSnob NYC", que foi traduzido para o português com o título "O Ciclista Esclarecido" pela Ed. Odisseia.

A oficina de Bruno Uehara

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