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UM PASSEIO PELO BECO DO BATMAN


O grafiteiro Binho posa em frente ao muro cinza do Beco do Batman: "O dono quis fazer um protesto para melhorar a situação do Beco".

O grafiteiro Binho posa em frente ao muro pintado de cinza nessa madrugada, no Beco do Batman

Visão dos grafites do Beco do Batman, na Vila Madalena

Jerry Batista faz seu trabalho primeiramente com giz de cera (o spray vem depois) no Beco do Batman, nessa terça, dia 11, após um dos moradores ter apagado o grafite de seu muro com tinta cinza

O PRO COLETIVO esteve hoje no Beco do Batman, na Vila Madalena, ponto de encontro de visitantes não só de São Paulo, como de outros estados e também países. Desde que os muros do Beco começaram a ser pintados por grafiteiros, há mais de vinte anos, a viela ficou famosa nacional e internacionalmente.

E hoje muitos turistas – alemães, chineses e americanos – andavam por ali, em meio a jornalistas e fotógrafos que foram tentar conversar com o sr. João Batista, o morador do beco que, ontem à tarde, removeu o grafite do seu muro com grossas camadas de tinta cinza.

A atitude de João Batista, de 70 anos, gerou muita repercussão e protestos. Hoje, terça (11/04), seu muro amanheceu pichado e com várias colagens e frases questionando sua ação.

Segundo o morador, que foi entrevistado pela equipe do PRO COLETIVO, sua atitude foi motivada pelo número cada vez maior de pessoas que passam à noite pelo Beco, muitas vezes fazendo barulho e vandalizando o local. "Desde que colocaram luzes aqui, as noites não são tranquilas, às vezes não dá nem para dormir. Uma vez, tinha um cara tentando pular o meu muro. Fiquei cheio dessa história e por isso decidi pintar", disse João Batista.

A cor escolhida, cinza, tem a ver com as ações recentes na avenida 23 de Maio, conduzidas pelo prefeito João Doria? "Foi a tinta mais barata que eu achei", ele responde. "E a do Doria é cinza clara, a minha é escura. Na verdade, eu quis mostrar esse descontentamento com o local, que precisa de melhoria e de, principalmente, respeito aos moradores".

Mesmo assim, Batista ponderou e decidiu ter um novo grafite em seu muro. O artista Binho, autor do grafite que ele apagou com a tinta, foi chamado pelo aposentado para programar um outro desenho. "Entendi o motivo dele. E estamos combinando um novo trabalho no muro", disse o grafiteiro.

Dessa forma, o Beco do Batman vai prosseguir em sua função artística e turística, atraindo pessoas para sua beleza, suas cores e sua magia. O prefeito regional de Pinheiros, Paulo Mathias, já garantiu que a viela não terá nenhum tipo de cobertura cinza (como ocorreu com a 23 de Maio) em suas obras.

E o próprio Doria, que participou na segunda (10) à noite do programa de TV Roda Viva, afirmou que avaliou mal a questão dos grafites apagados no início de sua gestão na 23 de Maio. "Deveríamos ter fotografado e filmado as artes que estavam pichadas, teríamos que convidar os grafiteiros e, com eles, ter feito essa ação, não à revelia deles, mesmo que os painéis estivessem pichados. (...) Deveríamos ter feito e não fizemos, avaliamos mal", afirmou o prefeito, que lançou em março o programa MAR (Museu de Arte de Rua), que pagará até R$ 40 mil a projetos de grafiteiros para áreas públicas da cidade. Serão selecionados inicialmente oito projetos que ocuparão diferentes regiões.

Assim, a Rua Gonçalo Afonso, ou o "Beco do Batman", logo no início da Rua Harmonia, pode continuar a ser um lugar de visita, aprendizado e deslumbramento. Um museu a céu aberto. Mas que tenha a total empatia de quem por ali passeia, lembrando que moradores como o sr. João Batista devem ser respeitados, pois ali vivem e zelam pelo bem de todos. Isso é coletividade, solidariedade, cidadania.

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