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Afuá, a cidade das bicicletas


Em Afuá, no Pará, a bicicleta é o principal meio de transporte. Nessa “Veneza marajoara”, localizada no norte da Ilha de Marajó, a bicicleta é uma solução criativa e que vem mudando para melhor a vida da população. Como foi erguida sobre plataformas de madeira, de forma a não ser inundada pelas cheias dos três rios que a cercam, Afuá provavelmente é o único município brasileiro onde carros e motos são proibidos em toda sua extensão.

Isso a tornaria a única cidade livre de emissões de gases de carbono, não fosse a energia elétrica gerada da queima de óleo diesel. A cidade de quase 40 mil habitantes tem quase uma bicicleta por pessoa na área urbanizada, onde vive metade da população. O restante mora em áreas ribeirinhas e usa os barcos para se locomover. Na sede, até a polícia faz a sua ronda de bicicleta.

Na cidade do pedal, tem bicitáxi e até ambulância. Ela fica a 256 km de Belém e a 79 km de Macapá. O município paraense, erguido sobre palafitas para escapar dos efeitos das marés, realmente fez da bike seu principal modal.

Foi Raimundo Socorro Souza Gonçalves quem decidiu criar o serviço de bicitáxi, que virou um negócio lucrativo. Começou como um triciclo. Depois foi aperfeiçoado para um quadriciclo, usado para transportar idosos com dificuldade para locomoção, moradores com malas e visitantes.

- Na época, era só bicicleta de duas rodas e não tínhamos conforto. Precisávamos fazer várias viagens para levar as pessoas. Criei o bicitáxi para ter mais conforto e levar mais pessoas - ele conta.

O preço das passagens varia de acordo com a distância percorrida. O trecho mais barato é R$ 3. Mas o cliente tem que ajudar a pedalar.

O comerciante Manoel da Silva Lobato diz que o bicitáxi faz sucesso na cidade.

- Aqui em Afuá é uma febre muito grande. Todo mundo quer fazer o seu mais bonito e melhor -, afirma.

Algumas magrelas têm DVD e bancos revestidos. Há também a bicilância - uma bicicleta que funciona como ambulância, equipada com maca, oxigênio e suporte para pendurar soro. Só falta a sirene.

As crianças também cruzam a cidade pedalando. "Não queremos o carro aqui. Nossa ruas não suportariam o peso deles. A opção pelo pedal foi acertada. Além disso, a bike nos obriga a fazer um exercício e manter a saúde", afirma Valdinei Garcia, 20, que trabalha como "bicitaxista" na cidade.

A vida na cidade é tranquila. Afuá vive da pesca, do comércio e da produção de açaí e bacaba. Com a proibição da prefeitura, o único ronco de motor existente na cidade são os dos barcos. Os milhares de bikes enchem as pequenas ruelas do local. Por ser o único meio de transporte, as pessoas dependem da magrela para tudo, inclusive para policiar as ruas.

Fontes: Folha de S. Paulo, Globo, Viaje Aqui, National Geografic

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