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Carro responde por 70% da poluição em SP


Os carros respondem por mais de 70% dos gases de efeito estufa emitidos pelo transporte de passageiros, ocupam a maior parte do espaço das ruas da cidade e transportam menos pessoas. Esta é uma das conclusões de um estudo inédito, o "Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros no Município de São Paulo", lançado ontem (23 de maio) pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).

O estudo mostra a participação de cada modo de transporte (automóveis, motocicletas e ônibus) e os combustíveis utilizados (gasolina, álcool e óleo diesel) nas emissões de poluentes locais e Gases de Efeito Estufa (GEE), ao longo de 24 horas de um dia típico da cidade.

O estudo, disponível na plataforma http://emissoes.energiaeambiente.org.br, indica que os automóveis são responsáveis por 72,6% das emissões de GEE e respondem por 88% dos quilômetros rodados por veículos.

Aproximadamente 30% das pessoas se deslocam de carro e moto, 30% a pé e 40% de transporte público (ônibus, metrô e trem), segundo a pesquisa Origem e Destino 2012.

"O combate à poluição atmosférica e a redução de emissões de GEE passam pela necessidade de esclarecer que o transporte público não é o principal vilão na emissão de poluentes. É preciso buscar soluções que desestimulem o uso do transporte individual motorizado. Isso inclui melhorias de infraestrutura e de tecnologia do transporte público, bem como incentivos aos modos ativos, para aumentar as viagens a pé e de bicicleta", afirma André Luís Ferreira, diretor-presidente do IEMA.

O inventário de emissões orienta as escolhas por meios mais adequados de se locomover na cidade, a melhoria tecnológica dos veículos e o uso consciente dos automóveis. “Material particulado e ozônio são os poluentes mais críticos em São Paulo, e o inventário mostra que é necessário reduzir principalmente as emissões dos automóveis, mas também dos ônibus”, indica David Tsai, coordenador da área de emissões do IEMA.

Segundo a instituição, o inventário de emissões é uma ferramenta que contribui tanto para melhorar o transporte quanto para combater a poluição do ar, dois temas críticos em grandes metrópoles como São Paulo. Novos estudos deveriam ser uma prioridade, pois são imprescindíveis para a gestão pública, não só na agenda de desenvolvimento e implementação de Políticas Públicas, mas também no seu monitoramento. “O inventário de emissões deve ser continuamente aprimorado, para permitir análises cada vez mais precisas e abrangentes. O transporte de cargas e as fontes fixas de emissão podem ser os próximos temas”, afirma Tsai.

As conclusões do inventário desconstroem a ideia de que a frota de ônibus seja a principal responsável pela poluição na cidade. Foram analisados diferentes tipos de poluentes atmosféricos e, em quase todos eles, fica claro o maior impacto de automóveis e motos – transportes individuais – em relação aos ônibus, quando comparados os índices de emissões por passageiro transportado.

Um exemplo é o material particulado (MP), poluente crítico na maior cidade do país. As emissões geradas pelos ônibus (4,9 mg por passageiro a cada quilômetro) são quase quatro vezes menores que pelos carros (18,5 mg) e quase 3 vezes menores que pelas motocicletas (13,4 mg). Proporcionalmente, os automóveis são responsáveis por 71% das emissões do poluente na cidade, contra 25% dos ônibus e 4% das motocicletas.

De modo geral, o mesmo ocorre para outros tipos de poluentes atmosféricos (como monóxido de carbono e hidrocarbonetos não-metano) e GEE, com os automóveis como os principais emissores. Proporcionalmente, as emissões só são maiores nos ônibus no caso dos óxidos de nitrogênio, o que é explicado pelo fato de esse poluente ser gerado em níveis mais elevados pelos motores movidos a diesel.

Também foi analisada a quilometragem percorrida pelos diferentes modos de transporte. Constatou-se que os automóveis são responsáveis por 88,1%, as motocicletas por 9,1% e os ônibus 2,8%. No entanto, quando considerados os quilômetros percorridos por pessoa (e não por veículo), os ônibus são responsáveis por 55%, contra 42% dos automóveis e 3% das motocicletas.

"Embora desafiadora, hoje já é plenamente viável a transição para um modelo de gestão integrada da mobilidade urbana e da qualidade do ar. Especialmente em um centro urbano com a concentração populacional como a de São Paulo, é muito promissor o impacto na redução de emissões que pode ser obtido pela priorização e pelo incentivo ao transporte coletivo, aliados a escolhas pessoais mais conscientes de todos os cidadãos", afirma Ferreira.

Sobre o IEMA – Instituto de Energia e Meio Ambiente

O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que há 11 anos produz e dissemina conhecimento técnico-científico em temas de impacto no ambiente urbano, com ênfase na mobilidade, na qualidade do ar, em energia e na redução de emissões de gases de efeito estufa. Por meio da geração de subsídios técnicos, o IEMA busca integrar-se a diferentes coletivos da sociedade civil e ao poder público, sempre na perspectiva do aperfeiçoamento e implementação de políticas setoriais de interesse comum, da melhoria da qualidade ambiental e do bem-estar das pessoas. O IEMA tem hoje entre seus apoiadores a William and Flora Hewlett Foundation, a Oak Foundation, a Charles Stewart Mott Foundation, o Instituto Clima e Sociedade (ICS) e o Global Environment Facility (GEF), como financiador de projeto.

Os dados estão disponíveis no site:

emissoes.energiaeambiente.org.br

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