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  • Chantal Brissac

#Não foi acidente


Nas duas últimas semanas, tivemos mais três ciclistas mortos por motoristas embriagados na cidade de São Paulo, três ocorrências em que houve não apenas a ingestão de álcool como também a alta velocidade e a omissão por parte dos gestores do viário, pois os motoristas foram presos e em seguida liberados.


Victor Hugo Ribeiro, de 23 anos, foi atropelado no dia 6 de fevereiro no acostamento da Rodovia Índio Tibiriçá, em São Bernardo do Campo. Foi morto por Lucas Lopes Chaves, que disputava racha e responde em liberdade.

Manifestação em São Bernardo do Campo, em homenagem a Victor Hugo Ribeiro - foto Diário do Grande ABC


No dia 10, Claudemir Kauã dos Santos Queiroz, de 17 anos, foi atropelado pelo empresário Rafael Maurício Moraes Diniz na avenida Corifeu de Azevedo Marques, no Butantã, zona oeste da cidade. Entregador, o jovem era casado e pai de um bebê recém-nascido.


Na manhã de domingo, dia 13, Marcelo Henrique Maciel, de 44 anos, gerente do Citibank e pai de cinco filhos, pedalava com um grupo de ciclistas no acostamento do início da Rodovia dos Bandeirantes quando foi morto por Renan Nascimento, que dirigia bêbado – o exame do bafômetro confirmou – e não ficou nem um dia preso. Renan também atingiu Aércio Ferreira, que segue hospitalizado em estado grave.

As ghost bikes, como esta, em homenagem à ciclista Márcia Prado, na av. Paulista, têm o objetivo de evitar que essas mortes caiam no esquecimento - foto Vá de Bike


A cicloativista Renata Falzoni faz coro com os milhares de ciclistas, cidadãos, amigos e familiares que choram essas perdas. “Luto e revolta, não aguentamos mais! São tragédias anunciadas. Alta velocidade associada à bebida resulta em incidentes que não podem ser chamados de ‘acidentes’”, disse Renata à coluna.


“No caso do atropelamento de Claudemir Kauã, de apenas 17 anos, o local onde ele foi brutalmente atropelado já foi palco de outras mortes, isso porque o desenho da via induz à alta velocidade. Tivéssemos uma gestão de trânsito que focasse na mobilidade como um sistema, onde todos os atores e fatores são levados em conta, locais como estes, que são inúmeros em São Paulo, já teriam sido reprojetados para garantir a segurança de todos. Os dados da própria CET e do Infosiga já nos mostram onde esses sinistros são mais frequentes, o que falta é uma administração que assuma a responsabilidade de priorizar a vida dos mais frágeis e pare de priorizar a fluidez dos automóveis, em detrimento da qualidade de vida e segurança de todos”.


Segundo ela, no caso das estradas, o próprio judiciário, que não penaliza o motorista que mata ao dirigir em alta velocidade e embriagado, perpetua a impunidade. “Além disso, o governo não se empenha em desenhar uma rede de cicloestradas de trânsito calmo que conecte todo o estado de São Paulo”.

O Pro Coletivo se solidariza com familiares e amigos das vítimas e reforça a necessidade urgente de todos, como sociedade, exigirmos mais segurança, mais ciclovias, mais respeito aos ciclistas e o fim da impunidade aos criminosos do trânsito.



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