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  • Chantal Brissac

Cidades alagadas


Há muito tempo o Brasil vem iniciando o ano com um histórico de enchentes e alagamentos, que causam problemas graves para as pessoas. Infelizmente, não foi diferente no romper de 2022. Só na Bahia, mais de 609 mil vidas foram afetadas pelas enchentes, com 26 mortes. Trata-se de uma tragédia anunciada, pois ela se repete periodicamente. A pergunta é: por quê? E o que é possível fazer para evitar isso?

A mobilidade urbana só piora quando acontecem essas enchentes, mas ela também tem a ver com isso. A forma como a população se locomove nas cidades pode aumentar ou atenuar os problemas. Está tudo interligado.


Excesso de asfalto e concreto

Em São Paulo e quase todas as demais cidades brasileiras, a escolha foi pelo rodoviarismo. E para isso avenidas e ruas foram construídas, impermeabilizando o solo e invadindo as áreas de várzeas de rios e córregos. Nesse modelo de urbanismo caótico e imediatista, muitos rios foram retificados ou canalizados sem nenhum estudo que levasse em conta as necessidades e peculiaridades de cada lençol freático.

Isso tornou a cidade ainda mais impermeabilizada e sem áreas de proteção nas margens e no entorno dos rios, agravando o problema das inundações.


Em seu ciclo natural, a água se infiltra no solo e escoa depois nos córregos e rios, desembocando no mar.


Solução é valorizar rios e áreas verdes

Já no nosso modelo de ocupação urbana, o seu ciclo é alterado, porque a cidade está com asfaltamento e construções excessivas, sem terra e árvores para absorver a chuva. Como os rios e córregos estão canalizados, as águas da chuva vão para sarjetas e galerias, que não conseguem contê-las.


Piscinões, na opinião de especialistas, são paliativos. Sergio Luiz Pereira, engenheiro e professor da Politécnica (USP), explica: “Temos que devolver aos rios as áreas que já foram deles. Tendo a coragem de desapropriar e desocupar as áreas naturais de várzea dos rios. Essa solução envolveria um trabalho conjunto da sociedade civil e do governo, demandando investimentos para ressarcir com justiça os proprietários dos imóveis a serem desocupados, para que as áreas fossem transformadas em parques repletos de árvores. No longo prazo, isso seria muito mais vantajoso do que a convivência com esses enormes transtornos, que causam graves problemas de saúde e prejuízos a moradores e comerciantes que têm suas moradias e lojas invadidas por águas sujas e contaminadas”.

Enchente na Av. Roque Petroni Jr., em São Paulo, em dezembro de 2008. Foto de Eduardo Nasi

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