- Chantal Brissac
Cidades são para as pessoas
Aos 85 anos, o urbanista dinamarquês Jan Gehl tem muito a nos ensinar em relação à mobilidade e cidadania. Um de seus livros, “Cidades para pessoas”, fala da importância de construirmos metrópoles para que a população viva com saúde, felicidade e bem-estar. Com parques, praças, jardins, calçadas largas, ciclovias, ruas fechadas para carros e, claro, toda uma infraestrutura de transporte coletivo, trabalho e serviços perto das moradias.
Jan Ghel foi responsável pelas mudanças positivas em Copenhague, capital da Dinamarca, onde 65% dos habitantes usam bicicleta diariamente, e Nova York, além de outras grandes cidades. Aqui algumas de suas declarações, que podem nos inspirar a fazer cidades melhores:
O urbanista dinamarquês Jan Gehl
O dilema do carro
“O carro espreme a vida urbana para fora do espaço público”.
“Há 50 anos, as cidades têm sido construídas de forma a acomodar prédios e carros. Os arquitetos do mundo todo estão mais obcecados com a forma, e menos com a vida”.
“Quanto maiores as cidades, mais obsoleto e ineficaz é ter carros individuais como meio de transporte.”
“Em algumas áreas das cidades é ótimo ter zonas livres de carros, para que as pessoas aproveitem a vida urbana sem medo de congestionamentos. Não falo de parques, mas de áreas fechadas mesmo.”
Ciclistas e pedestres em Copenhague, cidade que investe fortemente no transporte ativo e sustentável
A força do transporte ativo
“Importante é unir os modais e oferecer uma variedade de opções saudáveis e inteligentes para os cidadãos. Em Copenhague, você pode retirar uma bicicleta em uma estação, embarcar no trem, descer na sua estação e continuar pedalando. Isso é muito inteligente”.
“Um dos maiores problemas hoje nos países desenvolvidos são as pessoas que passam muito tempo sentadas, caminham pouco e morrem cedo. Precisamos fazer as pessoas caminhar e aproveitar a cidade.”
Vida sem trânsito
“Trânsito é como água, ele vai aonde deixam ele passar”.
“Quanto mais largas forem as vias e quanto mais ruas as cidades tiverem, elas também terão mais trânsito, mais gente sedentária e mais poluição. Em cidades inteligentes eles limitam e estreitam as ruas e se esforçam para promover o transporte coletivo, a bicicleta e o pedestrianismo”.
Ciclofaixa de lazer em São Paulo, na avenida Paulista
Um futuro melhor
“Se você proporciona melhores condições para os pedestres e para a vida pública, o que acontece dez anos mais tarde? Você tem mais pedestres, ciclistas e mais vida nas ruas. Então é uma questão de qual estratégia você quer ter.”
“Para que as pessoas pedalem e caminhem mais precisamos investir em infraestrutura. Ter bairros e regiões centrais com ciclovias e calçadas decentes. Esta é a saída para uma vida melhor.”
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